sexta-feira, 25 de julho de 2008

Os dissimulados que se mudem



















Imagem: "oblíqua e dussimulada" - http://www.flickr.com/photos/derbyblue/292856773/

v. tr., encobrir, ocultar com astúcia; fingir; disfarçar.

Assuma: você gostaria que eles sofressem!
Quem não convive ou já conviveu com algum dissimulado que atire a primeira pedra!
É muito pertinente que se tenha mais mágoa dos dissimulados do que do mentiroso, do ladrão, do corrupto, do insolente, porque, afinal de contas, os dissimulados são tudo isso numa criatura só e, para piorar, em 98% dos casos, são encantadores!

OK, isso não está fazendo o menor sentido pra você? Eu explico.
Ele ou ela teve a capacidade de te convencer que era seu amigo, ou qualquer outra relação similar que te fez acreditar que ele era digno da sua confiança ou do seu amor, da sua admiração e (lá no fundo) provavelmente da sua inveja.
Algum dia você partilhou segredos, felicidades e até fraquezas com eles e eu posso garantir que eles te roubaram tudo isso. Portanto, os predicados escritos lá no começo do texto dizem respeito ao dissimulado sim, principalmente ladrão!

[atenção, os depoimentos a seguir são verídicos e não usam nomes fictícios]

Eu tive essa professora de ballet, Ingrid. Quando eu crescesse, eu queria ser igual a ela (que bom que eu não cresci). Um dia ela resolveu que tinha o direito de me humilhar (sim, humilhar, verifique no dicionário exatamente o que isso quer dizer) em uma sala com aproximadamente 50 alunos (entre profissionais, semi-profissionais, adultos e adolescentes).
Ela roubou meu sonho de ser bailarina e minha capacidade de acreditar em ídolos, e conseqüentemente nas pessoas...

Tive esse namorado, Hector. Primeiro grande amor, enorme admiração, era quase como se eu quisesse ser ele! Durante anos de namoro eu acreditei cegamente no que ele dizia e dia após dia, fui me convencendo de que era a pessoa egoísta, ciumenta e burra que ele dizia (sem palavras explícitas). Um dia ele quis que eu acreditasse que a depressão profunda em que eu estava (e que só piorava) era chilique e eu não consegui.
Ele roubou minha auto-estima, minha saúde (mental e física) e também minha capacidade de acreditar realmente em qualquer pessoa...

Tive uma “amiga”, Priscilla, daquelas que se quer copiar, bonita, alta, descolada, bem vestida, conhecia todos os “cool” da cidade e ainda por cima era dona do seu próprio negócio (de roupas para descolados, é claro!). Durante muito tempo eu só comprava na tal loja, passava as tardes fofocando por lá e ainda levava todas as amigas (as de verdade) para gastarem (elas gastavam bem) para comprarem com ela.
Ela me roubou o namorado. Não o do parágrafo acima, mas um que me levava café na cama, me fazia surpresas, me escutava e estava quase me fazendo acreditar nas pessoas novamente.
Este me roubou a crença de que existe alguém exatamente do jeito que se sonhou e que basta encontrá-lo...

Tive essa chefe, Renata. Ela mais parecia amiga de trabalho; trocávamos confidências, idéias sobre a profissão, dicas amorosas. Eu a admirava justamente por sua capacidade de liderança discreta, sem pisar nos subordinados. Uma dia tudo que eu havia partilhado com ela se tornou “falta de profissionalismo” e ela tentou me fazer acreditar que eu não ia alcançar nada profissionalmente.
Ela me roubou a crença em amigos de trabalho...

Tive muitos outros dissimulados passantes da vida e cada um deles me rouba algo proporcional ao tamanho de sua importância na minha vida.

Eu? Eu sigo aprendendo a perceber uma atitude aqui, um olhar fujão ali, um pseudo-sorriso acolá e vou muito bem, obrigada.
Sigo acreditando que a Lei do Karma funcione sempre e que eu não preciso gastar mais energias do que já perdi com esses senhores. Sigo realizando meus desejos mais cruéis através dos sonhos.

Sigo tentando ser encantadora e digna de sua admiração, do seu amor, da sua confiança e (lá no fundo) provavelmente da sua inveja.

segunda-feira, 21 de julho de 2008



outro dia eu me peguei pensando se borboletas não são pétalas de flores que resolveram voar...

sexta-feira, 6 de junho de 2008

pelo caos



coagido pela paz que eu não quero seguir [Marcelo Yuka]


Eu não quero paz!

Não essa paz que se vende em feiras, que se canta em músicas de movimentos ‘paz pela paz’, cantadas por cidadãos ditadores dentro de casa, injustos no trabalho ou cegos (daquele que não quer ver) nas ruas.

Que tipo de paz é feita a partir de imposições? Que tipo de paz é feita a partir de discursos vazios? Que tipo de paz é tomada à força? Que tipo de paz é justificada pela tradição e pela cultura ( “é assim e não se discute”)?

Essa é a paz de quem se vê melhor que o outro; a paz de quem acha que o ser humano é mais evoluído que os animais, ou que as plantas; de quem acredita que falar em nome de um deus sem sequer questionar as próprias atitudes vai o fazer mais “evoluído”; de quem acha que porque teve a sorte (ou privilégio) de estudar mais do que servente é mais capaz que ele (ou merece mais respeito que ele); de quem acredita que suas atitudes são as corretas e que o mundo seria muito melhor se tudo fosse feito do seu jeito; de quem não chora a morte do cachorro do amigo; de quem não vê graça nos erros; de quem não sabe ouvir o outro e mesmo assim quer um ombro pra chorar...

Essa paz dos fracos que se acham fortes não é pra mim!

A minha paz é a que resulta do caos, da turbulência, do vento forte na cara enchendo o olho de areia; a paz de querer sempre dizer o que pensa (por mais que isso às vezes doa ou pareça ridículo); de quem não tem medo do ridículo; de quem sabe que vive errando e que talvez nem esteja tentando acertar (só viver); de quem tem medo e admite isso; de quem gostaria de carregar todas as criaturas sem saúde e sem teto pra dentro de casa e cuidar; de quem não precisa da aprovação nem do consentimento de um ser superior pra acreditar que está cada dia aprendendo mais coisas (não necessariamente se tornando “melhor” – o que é “melhor” mesmo?); de quem chora não só a sua própria dor, mas também a dor do outro; de quem põe a cara pra bater; de quem discorda de si mesmo, de quem muda de opinião...

Acho que a minha paz, aqueles “fortes” chamam de insanidade, balbúrdia, sacrilégio, pecado, dor, subversão, ilusão, erro...

Eu? Eu chamo de felicidade. Ou de paz.

segunda-feira, 12 de maio de 2008

e o que seria do gosto
não fosse o desgosto?

terça-feira, 6 de maio de 2008

pra não ficar tão desnaturada de posts...
CORES!

sexta-feira, 25 de abril de 2008

tarot


You are The Empress


Beauty, happiness, pleasure, success, luxury, dissipation.


The Empress is associated with Venus, the feminine planet, so it represents,
beauty, charm, pleasure, luxury, and delight. You may be good at home
decorating, art or anything to do with making things beautiful.


The Empress is a creator, be it creation of life, of romance, of art or business. While the Magician is the primal spark, the idea made real, and the High Priestess is the one who gives the idea a form, the Empress is the womb where it gestates and grows till it is ready to be born. This is why her symbol is Venus, goddess of beautiful things as well as love. Even so, the Empress is more Demeter, goddess of abundance, then sensual Venus. She is the giver of Earthly gifts, yet at the same time, she can, in anger withhold, as Demeter did when her daughter, Persephone, was kidnapped. In fury and grief, she kept the Earth barren till her child was returned to her.


What Tarot Card are You?
Take the Test to Find Out.

ontem

Clara: ... hoje você usa o cartão de crédito e a central sabe aonde vocês está; nas portarias dos prédios eles pegam sua digital para te identificar...
Andréa: e tiram uma foto =P
Nicolau: uma foto em que nem a Ana Paula Arósio fica bonita, coisa horrorosa!!!
Denise: bixo, aquilo é praticamente uma pixelart!!!

quinta-feira, 10 de abril de 2008

meanwhile


foto: eumesma

enquanto isso
anoitece em certas regiões
E se pudéssemos
ter a velocidade para ver tudo
assistiríamos tudo
A madrugada perto
da noite escurecendo
ao lado do entardecer
a tarde inteira
logo após o almoço
O meio-dia acontecendo em pleno sol
seguido da manhã que correu
desde muito cedo
e que só viram
os que levantaram para trabalhar
no alvorecer que foi surgindo

Meanwhile
Meanwhile night falls
into regions
and if we could just see faster
we could watch everything
Dawn is niext to night
and getting darker
and all the afternoons
are falling, falling
and then just after lunch
Noon rose into full sunlight
And then another morning
running early
seen only by those who rose
in time to work.

[Marisa Monte/Nando Reis 1991]